Pesquisadores mostram que uma alimentação sem produtos de origem animal pode estar associada a um melhor estado de saúde
Muitas pessoas adotam as dietas vegetarianas e veganas por ideais relacionados à redução do consumo de produtos de origem animal. Porém, os benefícios desse tipo de alimentação podem ir além do impacto na vida animal e ambiental.
É o que afirma um novo estudo publicado na revista científica PLOS ONE na quarta-feira (15), que mostra que essas dietas estão relacionadas a um menor risco de doenças cardiovasculares, câncer e morte.
Estudos anteriores já haviam associado o alto consumo de carne, grãos refinados, açúcar e sal a um maior risco de câncer e doenças cardiovasculares. Nesse sentido, a redução do consumo de produtos de origem animal e a adoção de uma alimentação rica em vegetais poderiam reduzir esse risco.
No entanto, poucos estudos analisaram os benefícios globais de tais dietas.
Para aprofundar essa compreensão, pesquisadores da Itália, Reino Unido e Estados Unidos analisaram 48 artigos publicados entre janeiro de 2000 e junho de 2023, compilando evidências de vários estudos anteriores. Seguindo uma abordagem de revisão “guarda-chuva”, — que permite que os resultados das avaliações possam ser comparados e contrastados — os pesquisadores extraíram dados sobre a relação entre dietas à base de plantas, saúde cardiovascular e risco de câncer.
A revisão mostrou que, em geral, as dietas vegetarianas e veganas estão associadas a um melhor estado de saúde em uma série de fatores de risco associados a doenças cardiometabólicas e câncer, incluindo a redução do risco de doença cardíaca isquêmica, câncer gastrointestinal e de próstata e morte por doença cardiovascular.
“O nosso estudo avalia os diferentes impactos das dietas sem animais na saúde cardiovascular e no risco de câncer, mostrando como uma dieta vegetariana pode ser benéfica para a saúde humana e ser uma das estratégias preventivas eficazes para as duas doenças crônicas mais impactantes na saúde humana no século 21”, afirmam os autores em comunicado à imprensa.
Por outro lado, o estudo não encontrou diferenças significativas no risco de diabetes gestacional e hipertensão entre mulheres grávidas que seguiam a dieta vegetariana ou vegana, em comparação com dietas com consumo de produtos de origem animal.
Além disso, o estudo apresenta limitações. De acordo com os autores, a força estatística da associação entre dietas à base de plantas e melhores condições de saúde ainda é limitada por haver diferenças entre a forma como os regimes alimentares foram seguidos nos estudos anteriores, além de haver divergências entre os dados demográficos dos pacientes, duração de estudo e outros fatores metodológicos.
Somado a isso, os pesquisadores ressaltam que as dietas vegetarianas e veganas, quando não realizadas com acompanhamento nutricional e sem equilíbrio de macro e micronutrientes, podem levar à deficiência de vitaminas e minerais em algumas pessoas. Portanto, os autores alertam contra a recomendação em larga escala de dietas a base de plantas até que mais pesquisas sejam feitas.